segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Testemunha do caos - guerra no Rio

Eu, um menino sonhador, sempre sonhei com um mundo de paz, sempre lutei pela paz.

Nasci em um lugar taxado como a “favela mais perigosa do Rio”, foi nesta favela que nutri meus sonhos, que estudei, que brinquei, que amei, que conjuguei verbos felizes. Desde cedo aprendi a conjugar verbos como trabalhar, estudar, ajudar, amar, orar.

Lutei, contar tudo e todos, venci muitas batalhas, nunca me iludi com a chamada vida fácil, com glamour do poder paralelo.

Assistia pela TV guerras como a guerra do Golfo, Iraque, Kosovo, Afeganistão, nunca imaginaria ser um personagem da guerra. Na Vila Vi tanques, potentes armas, soldados da força militar brasileira.

Sonho? Delírio? Não, pura realidade.

Minha fértil imaginação, transportou-me para o oriente médio, para o Iraque, fechei os olhos e ouvia tiros, estava no Iraque por alguns minutos.

Abri os olhos e vi o tanque de guerra subindo a ladeira, aí tive dúvidas, se estava preso na minha imaginação. Refém da guerra ou da imaginação?

Eu, o menino sonhador, que sonha aos 27 anos em ser escritor, sempre tive um olhar bem neutro com as mazelas sociais da comunidade, nunca coloquei em prática a minha veia crítica, nunca pensei em criticar, sempre busquei soluções para mostrar na prática que é possível reverter certas situações sociais.

O trabalho com crianças a cada dia alimentava a esperança de uma comunidade melhor, por natureza a esperança já estava embutida nos meus sentimentos.

Abri os olhos, finquei os pés no chão, voltei para a Penha, meu bairro amado, voltei para a vida real, ainda ouvindo tiros.

Agora o que me resta é aumentar a dose de esperança, tenho estoque para a vida inteira.



Terminado por aqui e peço licença para discordar de um grande filosofo, Platão, ele disse: “ Só os mortos verão o fim da guerra”.

Então eu verei o fim da guerra, vivo ou morto.

Otávio Jr.

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